"Kix you"
“I just wanna kiss you, cause I don’t know when I’m gonna
do it again.”
Sei lá, ficou na memória. A maneira como ele disse “kix
you”, exatamente assim, com um sotaque apaixonante e delicioso de ouvir.
São tantos momentos da vida. Tantas pessoas, tantos
encontros, tantos sorrisos, tantos beijos e abraços. Algumas pessoas
simplesmente permanecem na memória, outras não somem, mas se tornam cada dia
mais esquecidas. E, hoje, eu vim falar de um alguém que passou por acaso e
acabou deixando na memória, frases como aquela.
Aquele foi um dos encontros da minha vida em que resolvi
me arrumar, passar uma maquiagem e me sentir bonita. Bonita para mim mesma e,
consequentemente, para quem me visse naquele dia. Vesti um vestido bonitinho,
meio romântico, coloquei uma sandalinha no pé e passei aquele perfume que eu
adoro. Sai de casa com um friozinho gostoso na barriga, um nervoso de primeiro
encontro que eu geralmente não tenho. Penso que se tiver que ser, será. Mas, aquele
dia, tinha que ser. Estava sorridente e, lembro que minhas mãos tremiam do
nervoso. Não me pergunte por quê... Foram uns pequenos minutos de espera que
mais pareceram eternidade.
De repente reparei que do outro lado da rua tinha um ser
tão radiante quanto eu a atravessando. Era ele. Alto, tão alto que eu não
consigo dizer se passava de dois metros ou se estava quase lá. Um cabelo loiro
que balançava ao vento da orla de Copacabana e uns olhos azuis que olhavam pra
mim sorrindo. Mas, sorrindo mesmo estava aquela boca encantadora. Ele sorriu o
momento inteiro em que atravessou a rua até chegar a minha frente e me dar um
abraço. E, a partir daquele momento, meu nervosismo simplesmente desapareceu.
Foi como se ao nos abraçarmos, nós tivéssemos compartilhado anos de
convivência. Mesmo sem eu saber quase nada sobre ele e nem ele sobre mim.
Caminhamos, caminhamos e caminhamos... e num trajeto
gostoso pela orla de Copacabana bebemos uma coca-cola, vimos teatro de um
boneco de marionete perfeito – eu achei engraçado a maneira como ele assistia
aquilo, filmando e achando uma das coisas mais lindas do mundo...depois
passamos pela feira de quadros, analisando e admirando cada um deles. E então
ele perguntou se eu queria comer com ele e alguns amigos. Aceitei pensando que
estava me metendo num programa de índio... pelo contrário, foi talvez um dos
jantares mais legais que tive na vida. Comemos uma porção de filet com pão que
estava magnífica... mas, o que eu mais gostei naquele jantar, foi o conjunto de
troca de olhares entre nós. Aquele frio na barriga que antes tinha
desaparecido, de repente surgiu em mim... às vezes ele sussurrava algo só para
que eu ouvisse... E eu sussurrava de volta respondendo que não, não gosto muito
de frutas. Exatamente isso....não gosto de frutas.
“Do you like fruit?”
Depois de tanto papo e de eu me surpreender com a minha
capacidade de falar inglês, o jantar terminou e restamos eu e ele novamente.
Meio sem rumo, no meio de uma orla que, aos poucos, ficava vazia. Sentamos de
frente para o mar, sentindo uma brisa gostosa que amenizava o calor do dia. E
foi então que ele olhou pra mim e cada segundo que se passava ele chegava mais
perto...e mais perto.... e mais perto... até que nossos lábios se cruzaram. E
então eu percebi que esse momento “quase infinito” antes do beijo, não é apenas
coisa de filme. É gostoso. E foi naquele momento que pude sentir o macio
daquele cabelo loiro e provar de um gosto saboroso. Eu não queria que aquele
momento tivesse fim...
Fico feliz que ele tenha me beijado de novo e de novo e
de novo e de novo.... por que eu também não sei quando faremos isso novamente.
Hoje ele deve estar na Argentina, no Peru, Chile, Bolívia...qualquer um desses
países que ele veio conhecer. Ou talvez já tenha voltado para seu país de
origem que, um dia, pretendo visitar. O que sei é que ele foi mais um desses
pequenos amores que passam pela nossa vida. Não importa se duram um dia, uma
noite, um momento...eles simplesmente, acontecem.
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